INTRODUÇÃO
Ao abordar o aspecto educativo de
indivíduos portadores da Síndrome de Autismo, faz-se necessário, uma
retrospectiva histórica, passando pela seleção natural, eliminação de crianças
mal formadas ou deficientes em várias civilizações, marginalização e segregação
promovidas na Idade Média, até um período marcado por uma visão mais humanista
na Europa após a Revolução Francesa; para se chegar ao século XIX, aos
primeiros estudos sobre deficiências.
O diagnóstico sobre autismo apresenta
algumas controvérsias, assim como sua própria definição. No entanto,
apresentaremos, três definições que podemos considerar como adequadas:
·
A da ASA – American Society for Autism (Associação
Americana de Autismo);
·
A da Organização Mundial de Saúde, contida na
CID-10 (10a. Classificação Internacional de Doenças), de 1991);
·
A do DSM-IV - Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais), da
Associação Americana da Psiquiatria.
A síndrome do autismo pode ser
encontrada em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial,
étnica e social. Não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica,
ou no meio ambiente destas pessoas que possa causar o transtorno. Os sintomas,
causados por disfunções físicas do cérebro, podem ser verificados pela anamnese
ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo, estas características são:
Distúrbios no ritmo de aparecimento de habilidades físicas, sociais e
lingüísticas; Reações anormais às sensações, ainda são observadas alterações na
visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o
corpo; Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do
pensar, presentes ou não.
Ritmo imaturo da fala, restrita de
compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o significado;
Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. Respostas não
apropriada a adultos ou crianças. Uso inadequado de objetos e brinquedos.
Para um diagnóstico clínico preciso do
Transtorno Autista, a criança deve ser bem examinada, tanto fisicamente quanto
psico-neurologicamente. A avaliação deve incluir entrevistas com os pais e
outros parentes interessados, observação e exame psico-mental e, algumas vezes,
de exames complementares para doenças genéticas e ou hereditárias.
No início do século XX, a questão
educacional passou a ser abordada, porém, ainda é muito contaminada pelo
estigma do julgamento social. Nos dias de hoje, entre todas as situações da
vida de uma pessoa com necessidades especiais, uma das mais críticas é a sua
entrada e permanência na escola. Ainda hoje, embora mais sutil, pratica-se a
"eliminação" de crianças deficientes do ambiente escolar. Por tudo
isso os professores agora estão sendo preparados para adaptar a criança com
necessidades especiais para prolongar a sua permanência na escola dita normal.
Hoje, não se pensa mais no autismo como
algo incurável e já é impossível se falar de atendimento à criança especial sem
considerar o ponto de vista pedagógico. Essas crianças necessitam de instruções
claras, precisas e o programa devem ser essencialmente funcionais, quer dizer,
ligado diretamente ao portador da síndrome.
Abordar este tema é de fundamental
importância e o maior desempenho depende da motivação em mostrar que essas
crianças podem se relacionar com a sociedade. Do autismo em escolas normais e
não a sua segregação ou isolamento em escolas especializadas. Este trabalho tem
como objetivo mostrar a importância do pedagogo na Educação da criança autista.
Como disse o professor Marcelo Bezerra da Silva, "é de extrema importância
retirar o autismo do gueto e trazer para a luz de discussões as dificuldades
enfrentadas por crianças e famílias inteiras. Inserir o tema de maneira
consistente para que os pedagogos possam ajudar a sanar o preconceito e a
melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida dessas crianças".
São inúmeras as crianças que já estão
recebendo atendimento especializado promovido pelas Associações de Pais e
Amigos – ABRA (Associação Brasileira de Autismo) ASTECA (Associação Terapêutica
Educacional para Crianças Autistas) e AMA (Associação de Pais e Amigos do
Autista). Todas essas associações ajudam o professor a trabalhar na sala de
aula regular dando o apoio pedagógico necessário. Existem muitas coisas que
podem ser feitas pelo autista. A principal é acreditar que ele tem potencial
para aprender. Também é preciso saber que ele enxerga o mundo de uma forma
diferente, mas vive no nosso próprio mundo. Alguns autistas, raros, conseguem
se formar, constituir família e ter uma vida profissional normal. Há pessoas
autistas que nunca suspeitaram que o fosse. Por outro lado, devido a sua grande
dificuldade em se comunicar, eles muitas vezes têm um desempenho fraco na
escola.
Nos casos mais graves, devido à
desinformação dos adultos, pais e profissionais da Medicina e da Educação, a
criança autista fica condenada a viver em um mundo que não consegue
compreender. Nesses casos, podem crescer frustrados e responder ao mundo com
gritos e com agressões; muitas vezes, se auto-agridem, machucam-se, para
descarregar sua frustração em não ser compreendido, por isso é melhor
identificar o mais cedo possível que a criança é autista. O papel do professor
na pré-escola é fundamental. É a partir desse diagnóstico que é preciso montar
uma estratégia educacional para superar as dificuldades da criança de forma que
ela possa se integrar e fazer como está acontecendo. Desta forma, pretendemos
investigar qual é o papel da pedagogia na escolarização da criança autista.
HISTÓRICO DA SÍNDROME DO AUTISMO
Em 1867, Henry Maudsley foi o primeiro
psiquiatra há ter interesse por crianças com distúrbios mentais graves,
descobrindo várias delas dentre elas, o Autismo. Já no século XX, de Santis
introduz o termo Demetria Precocíssima, onde aparecem casos de início muito
precoce.
O autismo em 1943, caracterizado por
Leo Kanner tornou-se razão um dos desvios comportamentais mais estudados,
debatidos e disputados, que teve o mérito de identificar a diferença do
comportamento esquizofrênico e do autismo. Até hoje, sua descrição clínica é
utilizada da mesma forma, que foi chamado de Distúrbios Autísticos do Contato
Afetivo – Síndrome Única. Na década de 70, houve a proliferação dos critérios
diagnósticos.
Em 1983, as Síndromes de Asperger e
Rett foram reconhecidas e deixaram de ser consideradas autismo, a Associação
Americana de Psiquiatria cria o termo Distúrbio Abrangente do desenvolvimento e
em 1987, o autismo deixa de ser uma psicose infantil. Hoje, o estudo está
voltado para o aprofundamento real do que é o autismo, adaptação das crianças especiais
em escolas de ensino regular e trabalhar também a afetividade das famílias dos
mesmos.
A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
A avaliação do autismo deve ser
fundamentalmente ideográfica, pois não se trata de descobrir e analisar as
características de comportamento individual em interação com um determinado
ambiente.
Entre os vários instrumentos que podem
auxiliar neste aspecto, destaca-se o Programa da Escala Portage do
Desenvolvimento (David Sherer 1969), que permite a avaliação nas áreas de
linguagem, cognição, cuidados próprios, socialização e motora, fornecendo a
idade de desenvolvimento em cada uma destas áreas e uma idade de
desenvolvimento geral. (Gauderer, 1993 pág. 82).
Os Currículos do programa foram assim
organizados:
·
Maior precisão de responsabilidades, não dando
lugar a improvisações.
·
Maior eficácia na hora de eliminar ou trocar
condutas inadequadas.
·
Oportunidade para observar o desenvolvimento da
aprendizagem do aluno.
·
Diminuição de aspectos pouco mensuráveis.
·
Contribuição à avaliação da aprendizagem do aluno.
·
Maior facilidade para relacionar a aprendizagem do
aluno com os objetivos previstos no currículo.
Nas últimas décadas, acumulou-se uma
quantidade considerável de experiências em técnicas para o ensino de crianças
autistas, desenvolvidas por educadores de vários países.
A maioria delas aponta para os
seguintes objetivos gerais de educação:
·
Prevenir ou reduzir deficiências secundárias.
·
Descobrir métodos para recuperar deficiências
primárias.
·
Descobrir métodos para recuperar deficiências
primárias e descobrir formas para ajudar a criança a desenvolver funções
relacionadas às deficiências primárias.
As crianças com autismo, regra geral,
apresentam dificuldades em aprender a utilizar corretamente as palavras, mas se
obtiverem um programa intenso de aulas haverá mudanças positivas nas
habilidades de linguagem, motoras, interação social e aprendizagem é um
trabalho árduo precisa muita dedicação e paciência da família e também dos
professores. É vital que pessoas afetadas pelo autismo tenham acesso a
informação confiável sobre os métodos educacionais que possam resolver suas
necessidades individuais.
A escola tem o seu papel no nível da
educação. São elaboradas estratégias para que estes alunos consigam desenvolver
capacidades de poderem se integrar com as outras crianças ditas
"normais". Porém, a família tem também um papel crucial, porque são
os que têm mais experiência em lidar com as crianças, principalmente, porque as
crianças autistas necessitam de atenção redobrada, durante 24 horas. Muitas
vezes, a profissão e o horário cotidiano não facilitam, mas é importante
dispensar algumas horas para que as crianças possam se sentir queridas e
mostrar o que aprenderam. Os pais podem encorajar a criança a comunicar
espontaneamente, criando situações que provoquem a necessidade de comunicação.
Não se deve antecipar tudo o que a criança precisa, deve - se criar momentos
para que ela sinta a necessidade de pedir aquilo que precisa.
Na realidade, os problemas encontrados
na definição de autismo, refletem-se na dificuldade para a construção de
instrumentos precisos e adequados para um processo de avaliação e condutas.
Devem-se considerar as severas deficiências de interação, comunicação e
linguagem e as alterações da atenção e do comportamento que podem apresentar
estas crianças, a sua programação psicopedagógica a ser traçada precisa está
centrada em suas necessidades, tem que observar esse aluno para, se possível,
quais canais de comunicação se incapacitavam.
PROPOSTAS EDUCACIONAIS PARA O AUTISTA
É fundamental a preparação do pedagogo
através de um programa adequado de diagnose e avaliação dos resultados globais
no processo de aprendizagem, já que a criança especial se caracteriza pela
falta de uniformidade no seu rendimento, levando-se em consideração o nível de
desenvolvimento da aprendizagem que geralmente é lenta e gradativa.
Portanto, caberá ao professor adequar o
seu sistema de comunicação a cada aluno, respectivamente. Antes de chegar à
sala de aula, o aluno é avaliado pela supervisão técnica, para colocá-lo num
grupo adequado, considerando a sua idade cronológica, desenvolvimento e nível
de comportamento. As turmas são formadas por três (03) a cinco (05) alunos, no
máximo, sob a responsabilidade da professora, e um auxiliar que é de grande
precisão, para haver um funcionamento no ensino regular, é dada atenção
especial à sensibilização dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e
como se comportam esses alunos portadores de necessidades especiais.
Com todo esse processo, a criança pode
reagir violentamente quando submetida ao excesso de pressão e diante disso, é
preciso levar em conta, se o programa está sendo positivo, se precisa haver
outras mudanças, algo que não prejudique a ambos.
O professor precisará ter uma postura
que não seja agressiva, muita paciência, transmitindo segurança e controle da
situação, e, acima de tudo, muito amor pelo que está fazendo.
A importância do ensino estruturado é
ressaltada por Eric Schopler (Gauderer, 1993), no método TEACCH (Tratamento e
Educação para Autistas e Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação).
Com certeza, é bom ter em mente que,
normalmente, as crianças à medida que vão se desenvolvendo, vão aprendendo a
estruturar seu ambiente, enquanto que as crianças autistas e com distúrbios do
desenvolvimento, necessitam de uma estrutura externa para aperfeiçoar uma
situação de aprendizagem.
Atualmente, já é impossível se falar de
atendimento ao autista sem considerar o ponto de vista pedagógico. Cada vez
mais, valoriza-se a potencialidade e não a incapacidade de seres humanos. Com
isto, a sociedade como um todo só pode beneficiar-se.
Observam-se progressos inesperados em
outras áreas, como por exemplo, a participação voluntária de alunos normais na
confecção de programas de tratamento do aluno especial que por si só já é
positivo. Além disso, se observou numa melhora na auto-imagem e na auto-estima
das crianças voluntárias envolvidas.
OS MÉTODOS DE ENSINO PARA A
ESCOLARIZAÇÃO DO ALUNO AUTISTA
Um dos métodos de ensino mais
utilizados no Brasil é o TEACCH que foi desenvolvido no início de 1970 pelo Dr.
Eric Schopler e colaboradores, na Universidade da Carolina do Norte e hoje está
se tornando conhecido no mundo inteiro. Em primeiro lugar o TEACCH não é uma
abordagem única é um projeto que tenta responder às necessidades do autista
usando as melhores abordagens e métodos disponíveis. Os serviços oferecem desde
o diagnóstico e aconselhamento precoce d pais e profissionais até Centros
Comunitários para adultos com todas as Etapas Intermediárias: Avaliação
Psicológica, Salas de Aulas e Programas para Professores. Toda Instituição que
utiliza o TEACCH tem todo esse apoio.
Os propósitos do método, segundo Gary
Mesibov, Diretor da divisão TEACCH são:
·
Habilitar pessoas portadoras de autismo a se
comportar de forma tão funcional e independente quanto possível;
·
Promover atendimento adequado para os portadores de
autismo e suas famílias e para aqueles que vivem com eles;
·
Gerar conhecimentos clínicos teóricos e práticos
sobre autismo e disseminar informações relevantes através do treinamento e
publicações.
Existem poucos projetos no mundo que
podem alegar trinta anos de experiência com pessoas autistas. O TEACCH se
mantém evoluindo, desafiando os diagnósticos negativos dos médicos ao dizerem
que a criança não evolui, adicionando nova descobertas de pesquisa. Só que só
são utilizadas somente a técnicas que foram comprovadas em ampla escala, porque
o método não trabalha com uma técnica isolada. Não iremos encontrar ninguém
dizendo que irá "curar" o autismo.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Segundo a pesquisa realizada,
verificou-se que hoje as Escolas Regulares no Município de Porto Velho estão
aceitando com mais dedicação às crianças com diagnóstico de autismo, porque os
professores estão se aperfeiçoando e tendo mais didática para trabalhar com
elas e com a estimulação elas aprendem com mais facilidade, e o apoio da equipe
pedagógica que é de fundamental importância, claro que encontramos algumas
instituições que possuem resistência, mas o trabalho em equipe tem surtido
efeito e com o auxílio também da AMA na prática pedagógica ensinando a
trabalhar com o TEACCH (Método dos Cartões). É fundamental que os professores
tenham conhecimento de Psicologia do Desenvolvimento e aprendizagem e que sejam
orientados para uma atuação adequada nos graves distúrbios de comportamento que
apresentam essas crianças. Em primeiro lugar, pelo fato de o problema ter
deixado de ser considerado apenas do ponto de vista médico e terapêutico o
pedagógico também faz parte da Equipe Multidisciplinar qualquer que seja o
nível de funcionamento das crianças tem se valorizado por uma educação escolar
mais estruturada. Com isso as crianças menos comprometidas têm se tornado mais
sociável, usando construtivamente as habilidades aprendidas, apesar da
persistência de alguns sintomas. Fazem-se necessárias classes especiais de
verdade, com metodologia própria para as necessidades de cada aluno especial.
O Diagnóstico é apenas o primeiro
desafio que o Brasil está começando a utilizar e está dando um novo olhar para
educação dessa década. E sabemos que o progresso do autista depende muito
também da participação da família. Um dos principais objetivos é esse, a
família e o trabalho na escola é a interação de ambos para estimular a criança,
onde alcança total progresso e é dessa forma que as escolas estão realizando o
seu trabalho.
Concluindo, o trabalho com a criança
autista impõe, ao profissional, desafios contundentes, dentre os quais, o de
lidar com a questão do tempo e a sua articulação com a emergência do sujeito. O
trabalho clínico demanda do profissional, em primeiro lugar, uma tolerância com
respeito à temporalidade singular que caracteriza o mundo destas crianças.
Quando existe informação a reação é oposta, a família ajuda e a Escola ajuda ao
autista, todos trabalhando juntos chegam a um trabalho singular, pois todo
autista é único. Sabemos que o tratamento não esgota o problema porque não é
doença, então não tem cura, é a partir dele que se começa um trabalho que irá
ser para vida toda. Nas fases da vida do autista vai passar vários
profissionais, vários educadores e de cada um, uma experiência. Esperamos que
esta pesquisa contribua para que os professores desenvolvam seu trabalho na
sala de aula com a criança autista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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multidisciplinar. São Paulo, GEPARI, 1991.
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de conquista: IN: Brasil Ministério da Educação e do Desporto. SEE. Tendências
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CARDOSO, Antônio Francisco Maganhoto,
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GAUDERER, E. C. Autismo- década de 80 –
SP – Savier, 1993.
_______________Autismo e outros atrasos
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JERUSALINSKY, A. – Psicanálise do
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LEBOYER, M. –Autismo Infantil –SP,
Papirus-1987.
SCHWARTZMAN, J. S. –Autismo Infantil
–Brasília - Corde, 1994.
___________________.Síndrome de
Asperger: temas sobre desenvolvimento. Vol. 1, nº2, 1991.
FONTE:
http://www.ensinar-aprender.com.br/2010/05/pedagogo-na-educacao-do-aluno-autista.htmlhttp://www.webartigos.com
fonte: http://www.ensinar-aprender.com.br/2010/05/pedagogo-na-educacao-do-aluno-autista.html
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