Crianças com Síndrome de Down: Interação Social na Escola.
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Inclusão Escolar.
Pesquisa
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP concluiu
que crianças com Síndrome de Down apresentam características de
interação social muito semelhantes às das crianças com
desenvolvimento típico, ou seja, sem comprometimento motor,
cognitivo e sensorial.
O
resultado do trabalho da terapeuta ocupacional Patrícia Páfaro
Gomes Anhão, reforça a importância do processo de inclusão
escolar desta população e pode dar tranquilidade aos pais dessas
crianças.
O Estudo.
A
pesquisa foi realizada com seis crianças com diagnóstico de
Síndrome de Down e outras seis com desenvolvimento típico, por meio
de quatro baterias de filmagens de quinze minutos cada, no ambiente
de cinco escolas diferentes da rede municipal de ensino em Ribeirão
Preto. As crianças foram filmadas em sala de aula e ambientes de
lazer e recreação. Foram analisadas as habilidades sociais das
crianças dos dois grupos, sempre comparando uma de cada grupo, do
mesmo sexo e idade.
As
habilidades foram divididas em dois grupos. As interpessoais, que são
as de interação com outra criança, com o adulto, com objetivos,
disputa de atenção da educadora, ocorrência de brigas ou
agressões, existência de autodefesa, o estabelecimento de contato
inicial com outras pessoas, o brincar junto, com objetos diferentes e
com o mesmo tipo de objeto. Outro grupo analisado foi o de
habilidades de autoexpressão, como o choro, riso, ficar sozinho,
cantar, imitar outras crianças e imitar a educadora ou pais.
Sem Diferenças Significativas.
Na
análise comparativa, a pesquisadora observou que as crianças com
Síndrome de Down só se diferenciaram do grupo com desenvolvimento
típico em dois comportamentos: elas imitaram outras crianças com
maior frequência. "Eles observam e copiam mais, mas de um jeito
próprio. Esses resultados condizem com o que já foi descrito na
literatura"; quanto ao comportamento de estabelecer contato
inicial, o grupo com desenvolvimento típico apresentou maior
frequência. Segundo a pesquisadora, que trabalha no Setor de
Estimulação Precoce da APAE, em Ribeirão Preto, isso ocorreu,
talvez, pelo fato das crianças com Síndrome de Down serem mais
passivas. "Outros treze comportamentos analisados não
apresentaram diferenças significativas".
Ensino Regular e Ensino Especial.
Patrícia
diz que a idéia inicial da pesquisa era ajudar os pais a entenderem
porque seus filhos precisaram do ensino regular e não só do ensino
especial.
O
processo de inclusão teve início com a Constituição de 1988. Após
a Constituição, o Brasil, em 1994, se tornou também signatário da
Declaração de Salamanca, Espanha, que surgiu durante a Conferência
Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. Nessa Declaração
ficou enfatizada a necessidade de transformação dos sistemas
educativos visando atender a todas as crianças, jovens e adultos,
contemplando as suas características e necessidades específicas.
A
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, publicada em 1996, em
seu artigo 58, reforçou o que garantia a Constituição. E em 2007,
o governo Federal lançou o Plano Social que previa a adaptação das
escolas públicas, visando a inclusão das pessoas com deficiência
até 2010. "Quando nós, profissionais, nos deparamos com esse
processo, precisamos explicar aos pais sobre a necessidade de
inclusão dos seus filhos no ensino regular e não só no ensino
especial. Vimos toda a aflição desses pais. Daí surgiu a idéia da
pesquisa, pois a interação é a primeira fase desse processo. Esse
processo, apesar de já ter se iniciado há quase 15 anos, ainda
causa medo e angústia."
A
pesquisadora lembra que existem outros trabalhos sobre interação
social de crianças com Síndrome de Down, mas o seu é o primeiro
com essa faixa etária. "Na literatura médica existem outros
trabalhos de pesquisa sobre interação de crianças com Síndrome de
Down, mas matriculadas no ensino fundamental. Os resultados foram
diferentes. Nessa faixa etária a interação social é reduzida e
compartimentalizada. Mas deve-se levar em conta que o adolescente
tende mesmo a reduzir seu círculo de amizades".
Desafio da Inclusão.
Para
concluir, a pesquisadora lembra que o processo de inclusão é um
desafio tanto para as crianças com deficiência, como para seus
colegas e professores: "A inclusão não é só para a pessoa
com deficiência, é para todos que têm algum tipo de dificuldade.
Esse é o repensar da educação, em todas as suas situações, é um
processo de formação de cidadãos", avalia.
"A
pesquisa constatou que eles podem ter muito mais ganho nessa
interação do que se imagina", afirma Patrícia. "O estudo
também vai contribuir para que surjam novas pesquisas sobre outros
aspectos da relação dessas crianças com o meio, na faixa etária
de três a seis anos, a chamada primeira infância, uma vez que a
interação social é um dos principais aspectos do seu
desenvolvimento".
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