Não há Educação sem boniteza.

Paulo Freire

sábado, 3 de agosto de 2013

EXERCÍCIOS PARA MELHORAR A DICÇÃO


Num ninho de mafagafos
tem cinco mafagafinhos.
Tem também magafaços, maçagafas, maçagafinhos,
mafafagos, magaçafas, maçafagas,
magafinhos, magafafos e magafagafinhos.

2. Tenho um pé de cafanguito.
Quem o descafanguitar; bom descafanguitador será.
Como eu descafanguitei, bom descafanguitador serei.

3. Bagre branco, branco bagre, bagre branco, branco bagre. (Repita 5 vezes).

4. A frota de frágeis fragatas,
fretada por um franco frustrado,
enfreado de frio,
naufragou na refrega,
por frêmitos flecheiros africanos.

O desinquivincavacador
das caravelarias
desinquivincavacaria
as cavidades, que deveriam ser
desinquivincavacadas.

6. Perlustrando patética petição
produzida pela postulante,
prevemos possibilidade para pervencê-la,
porquanto parecem pressupostos primários permissíveis, para propugnar pelo presente pleito,
pois prejulgamos pugna pretérita perfeitíssima.


Vem o vento

Ruth Salles

Vem o vento, e o verde vale vibra.
Voa a vela ao vento vindo.
Verde vespa vara o vento,
vence o vento e vai!
Velhas vozes vivas vêm
Varrem vale e vila!
Vidros vibram!
Vento verga varas verdes.
- Vira a vista e vê!

Nas crianças surgem com frequência problemas de desenvolvimento da linguagem escrita e oral. “São crianças pequenas que não conseguem pronunciar foneticamente os sons. Apresentam omissões e distorções. Não conseguem ter o movimento adequado da musculatura para produzir o som. Há crianças que, muitas vezes, têm associados problemas da parte bocal e precisam de outro tipo de acompanhamento médico. Não conseguem dizer sapato ou cebola”.
Rosaluz Herrera explica que a articulação infantilizada é aceite até determinado momento e até chega a ser estimulada pelo adulto, mas de repente chega-se a um estágio maior onde essa fala não é já admitida.
“É normal que uma criança de quatro anos não diga ‘preto’. Mas não é normal que não fale ‘sapo’ e diga ‘chapo’. É um som que se estabelece cedo. Nesse caso precisa de intervenção”, explica.
Com adultos surgem sobretudo os distúrbios da voz. “São os professores que são mais atingidos pelos distúrbios vocais. Hoje em dia, a disfonia vocal é considerada a doença do professor”. Com adultos trabalha também em casos neurológicos de acidente vascular cerebral com indivíduos que perde m a possibilidade de simbolizar.
Quanto mais precoce for o trabalho com a linguagem oral mais fácil é o tratamento. As consultas podem demorar de 30 a 45 minutos, dependendo da actividade que está a ser programada. O ideal é que seja duas vezes por semana.
A terapeuta faz questão de explicar o objectivo dos exercícios de forma a motivar os doentes. Muitos dos exercícios são feitos em casa. No caso da criança, a terapeuta procura saber quais são os hábitos para recomendar os exercícios. A altura de escovar os dentes, para treinar a força da língua, pode ser aproveitada para os exercícios. A terapeuta prefere não usar objectos e introduzir os exercícios nos gestos do dia a dia, como mastigar ou falar. “Peço para trazer uma sandes e trabalho a mastigação. Trabalho com gelatina e chocolate em pó”.
A terapeuta gosta de todas as fases do trabalho, mas é o resultado que é mais gratificante. “É muito agradável observar uma criança que não pronunciava certos sons e de repente descobre que tem uma fala nova”.
A terapeuta lamenta que este serviço não seja ainda totalmente comparticipado pelo Governo. “Há muita necessidade de terapia da fala fora da região de Lisboa e eu tenho tentado concentrar o trabalho na região onde moro”.
A remuneração do trabalho é justa, mas a terapeuta acha incorrecto quando o profissional desvaloriza o trabalho e coloca um valor muito baixo.
Rosaluz Herrera cresceu no Peru, mas viveu a maior parte da sua vida no Brasil. O “sotaque espanhol” nunca o perdeu completamente, mas garante que esse factor não interfere com o seu trabalho. “Eu não acredito no ensinar a falar, mas na possibilidade de se encontrar outros meios de comunicar. Temos o jeito velho e o jeito novo. Não existe o jeito errado”.
Ana Santiago

1.1.2. Estimulação para o Desenvolvimento da Fala

    Objetivo geral: O professor deve preparar a criança para a emissão, desenvolvendo o controle de tensão e relaxamento, sua respiração, sensibilidade, mobilidade e propiocepção (consciência corporal) da região fonoarticulatória.
    A estimulação para o desenvolvimento da fala deverá dar ênfase:
a) Respiração
    Objetivo Geral: Adquirir hábitos corretos de respiração, propiciando melhor ritmo de fala e melhor emissão dos fonemas e de uma voz  mais natural.
    Um dos aspectos envolvidos na emissão correta e na colocação de fonemas é uma respiração adequada.
    A respiração sadia é, em grande parte, inconsciente, mas através da educação respiratória, a criança surda poderá ter condições não só de melhorar sensivelmente seu estado geral de saúde, como também aprender a emitir e melhorar o ritmo da fala.
    A atividade respiratória, constituída de uma alternância de inspiração e expiração, mobiliza a caixa toráxica e a coluna e, se adequada, melhora  a capacidade pulmonar da criança.
    Os principais músculos respiratórios são os intercostais e o diafragma.
    O diafragma, que tem feitio de cúpula, é o mais importante músculo da inspiração e separa a cavidade toráxica da cavidade abdominal.
    Na respiração normal, ao inspirar - enquanto o ar desce - o diafragma aplana-se, o gradil costal inferior eleva-se, o superior movimenta-se ligeiramente para a frente e o ventre dilata-se. Ao expirar, há o relaxamento do diafragma, que volta a adquirir nítido feitio de cúpula; o gradil costal inferior baixa e os músculos abdominais se retraem.
    Assim, a respiração fisiologicamente correta é aquela em que há predominância funcional da região costo-diafragmática.
 
    Se a criança inspira ou expira com grande predominância da região costal superior, estará indo contra a natureza e, sobretudo, contra a fonação.
 
    Se a criança imprime um movimento particularizado e excessivo aos músculos abdominais ou só aos intercostais, também estará errada.
 
    A criança deve aprender a utilizar os músculos expiratórios voluntariamente, em caso de necessidade.
    É preciso, porém, lembrar que a atividade respiratória é automática e que é difícil torná-la consciente, especialmente nas crianças até 3 anos.
    Se a pessoa não sabe usar convenientemente as cavidades de ressonância (área bucal) de forma equilibrada e o sopro sonorizado, a voz ou sairá distorcida ou não se projetará no ambiente. Daí a grande importância da respiração na fonação.
    Aos profissionais que atuam com a criança surda interessam:
a) os movimentos respiratórios de inspiração e expiração;
b) a produção da voz através do sopro expiratório;
c) a perfeita coordenação fono-respiratória que vai permitir a produção livre e valorizada da voz;
d) a adequada produção da fala.
    Educação respiratória
    Qualidades da respiração para a fonação:
    inspiração:
  • correta
  • silenciosa
  • nasal (preferentemente)
  • tranqüila
  • suficiente (a respiração insuficiente provoca uma interrupção da fala)
  • mais ou menos rápida.
    expiração:
  • natural
  • relaxada (sem esforço)
  • controlada
    •  
      • escoamento regular
      • quantidade dosada
      • direção apropriada
      • duração
    Sabe-se que a respiração correta é a diafragmática, com inspiração nasal e expiração bucal.
    Em se tratando de crianças de zero a três anos, os melhores resultados serão obtidos através de situações lúdicas bastante motivadoras.
    Desse modo poderão ser usados jogos de sopro e instrumentos musicais de sopro, além de exercícios em meio líquido visando conscientizar o educando para a existência e o uso da respiração oral.
    Sugere-se, portanto que a criança realize as seguintes atividades:
  • apagar velas;
  • soprar tiras de papel, penas, algodão, língua de sogra, balões (bexigas), bolinhas de sabão (“mil bolhas”), barquinhos de papel e/ou bolas de isopor em vasilha com água ou em uma caixa coberta com filó;
  • soprar, através de canudos, no espelho, tentando deixar marcas;
  • brincar com apito, gaitas;
  • derrubar retrós com sopros;
  • cheirar perfumes;
  • falar, expirando, soltando e sustentando a voz;
  • conscientizar-se do ato respiratório, colocando uma mão sobre seu próprio peito e a outra sobre o do professor, ou um objeto sobre o peito ao deitar-se para vê-lo levantar e abaixar;
  • nadar.
b) Tensão/Relaxamento
    Objetivo: adquirir atitudes de controle de tensão e relaxamento da musculatura do corpo em geral, com ênfase especial no tórax, pescoço e face, propiciando melhores possibilidades de respiração, vocalização e articulação de fonemas.
    As atividades de relaxamento são indispensáveis para a boa educação respiratória e deverão ser realizadas de preferência com a sala escurecida.
    Para que o professor consiga realizar um bom relaxamento com a criança deve procurar exercícios que efetivem a oposição entre contração e relaxação.
    Deitada:
  • fazer a criança deitar, de preferência numa superfície não muito mole, de costas, com os braços ao longo do corpo e as palmas das mãos viradas para baixo;
  • colocar um travesseiro sob os joelhos dela;
  • pedir para a criança fechar as mãos e em seguida abri-las;
  • pedir para a criança que:
    • levante um braço e depois o deixe cair pesadamente;
    • levante o outro braço e depois o deixe cair também;
    • levante os dois braços juntos e depois os deixe cair;
    • estique bem os braços e depois os soltem;
    • levante uma perna e depois a deixe cair;
    • levante outra perna e depois a deixe cair também;
    • levante as duas pernas aos mesmo tempo e depois as deixe cair;
    • estique bem as pernas e depois as solte.
    Em pé:
  • fazer a criança imitar “boneco de pau” e “boneco de pano”, de modo que sinta no próprio corpo a diferença entre tensão e relaxamento;
  • fazer a criança ficar com as pernas ligeiramente afastadas, “esticar” o corpo para cima com os braços levantados, e em seguida “soltar”, a cabeça e os braços para baixo;
  • fazer a criança deixar pender o tronco de forma que os braços e a cabeça fiquem balançando molemente;
  • fazer a criança levantar suavemente os ombros; depois deixá-los cair;
  • fazer a criança pender a cabeça para trás, elevá-la lentamente até a posição vertical.
    Sentada:
    Fazer com que a criança:
  • sente-se, mas com a espinha ereta, encostada ao espaldar da cadeira;
  • estenda as pernas e solte-as molemente;
  • deixe os braços pendentes ao lado do corpo;
  • monte as partes do corpo de um boneco e identifique-as no seu próprio corpo;
  • realize movimentos circulares com a cabeça bem relaxada.
c) Ritmo
    Objetivo geral:
    A criança deverá desenvolver a percepção do ritmo através da música e dos movimentos corporais.
    Objetivos específicos:
    Favorecer, através de experiências corporais, o amadurecimento da criança quanto à:
  • propriocepção (consciência corporal);
  • coordenação motora global mais harmônica;
  • tonicidade muscular: estados tônicos físico-emocionais (tensão e relaxamento);
  • própria respiração;
  • emissão vocálica, respeitando os ritmos básicos que são próprios da fala.
    A estimulação do ritmo inicia-se com o diálogo corporal (contato pai/bebê, professor/bebê) no momento ‘das cantigas’ de ninar, quando há movimentos de danças.
    A estruturação do ritmo depende da sucessão harmônica de movimentos corporais. No início, o aconchego ao colo que nina faz com que a criança perceba o ritmo.
    A estimulação rítmica destina-se a fazer com que a criança perceba a si mesma através do desenvolvimento da propriocepção e do controle corporal.
    A criança pequena deve perceber a presença e ausência da música, acompanhá-la, inicialmente no colo de alguém, depois com seus passos vacilantes até que possa livremente executar o andamento apropriado, geralmente com ritmos simples, tipo binário e ternário. Deve também acompanhar batidas de um tambor, bem como os movimentos de marcha, pulo, salto, corrida. É no movimento, na soltura de seu corpo que ela vivencia e interioriza o ritmo. A interiorização do ritmo musical é fundamental, para ser usado, posteriormente, na expressão oral através do ritmo próprio de cada palavra ou frase.
d) Estimulação da Sensibilidade e da Mobilidade Orofacial
    Objetivos:
  • conscientizar o educando para a existência e o uso da respiração oral;
  • conscientizar o educando sobre as vias nasais como instrumento da respiração e de sua correta utilização;
  • utilizar a inspiração e a expiração como movimentos distintos, alternando as duas vias respiratórias;
  • ampliar e coordenar a capacidade de produção fono-articulatória com a respiração diafragmática;
  • tomar conhecimento das partes do corpo e dos diferentes graus de tonicidade muscular;
  • adquirir movimentação e controle articulatórios necessários aos padrões desejáveis de emissão;
  • adquirir condições de articular fonemas, estabelecendo correto “feedback” acústico, proprioceptivo, visual e tátil.
    Para que a criança articule palavras faz-se necessário que além de um clima calmo e tranqüilo, ela esteja relaxada e envolvida por afetividade e segurança.
    A estimulação da fala envolve estimulação auditiva e rítmica. Para tanto trabalha-se:
  • a respiração da criança, uma vez que a produção dos fonemas ocorre a partir do controle do ar expirado;
  • os órgãos fonoarticulatórios, principalmente, os lábios, a língua, o palato, a mandíbula, as bochechas;
  • a tensão, o relaxamento da musculatura do corpo em geral e dos órgãos fonoarticulatórios;
  • a voz, de modo que a intensidade, duração e freqüência dos sons se ajustem;
  • a produção e automatização de alguns fonemas e palavras significativas.
    O professor poderá sentar-se com a criança frente a um espelho, procurando ficar na  mesma altura dela. Após receber a atenção da criança, iniciar exercícios respiratórios de sopro. Usar e abusar do tato! Brincar com a criança para:
  • estimular o uso da voz para produzir determinadas vogais e determinadas combinações vogais e consoantes;
  • estimular o uso da visão, da audição e do tato para ajudar a articulação da criança surda.
    As atividades abaixo sugeridas podem ser utilizadas em situações espontâneas e lúdicas, aproveitando o interesse da criança.
    a) Exercícios para os lábios:
  • utilizar batom para pintar a boca da criança com uma cor, e em volta dos lábios com outra cor, permitindo que a criança faça o mesmo com a professora.
  • observar se a criança não apresenta protusão de língua, e realizar exercícios que envolvam, lábios e língua;
  • passar mel nos lábios fazendo com que a criança retire com a língua;
  • passar doce em pasta ou mel na parte interna dos lábios da criança para que ela o sugue ou retire (seguindo modelo da professora);
  • passar batom nos lábios da criança e fazer com que ela segure papel nos lábios;
  • fazer com que a criança segure uma pequena quantidade de líquido na boca e esguinche-o depois, fazendo um jato (este exercício trabalha também as bochechas).
  • imitar o motor de um carro, vibrando com os lábios;
  • fechar a boca, apertando bem os  lábios;
  • fazer “bico”;
  • soprar vela;
  • sorrir com os dentes fechados;
  • projetar os lábios fazendo “bico” e movê-los para a direita e para a esquerda;
  • imitar vozes de animais;
  • rir exageradamente;
  • segurar um pedaço de papel entre os lábios, evitando que outra pessoa o puxe;
  • segurar um canudinho nos lábios, sem deixar que toque nos dentes.
    b) Exercícios com a língua:
  • mostrar a língua;
  • passar a língua nos lábios, em movimentos de rotação;
  • abrir a boca e tocar com a língua o lábio superior, o lábio inferior e os cantos da boca;
  • fechar a boca e com a língua, empurrar a parte interna da bochecha direita e da bochecha esquerda;
  • estalar a língua;
  • colocar a língua para fora e recolhê-la lentamente;
  • colocar a língua para fora e recolhê-la rapidamente;
  • imitar um gatinho bebendo leite;
  • passar a língua no palato duro, de dentro para fora;
  • colocar alimentos pastosos ou em pó:
         - na face interna dos incisivos superiores;
         - na face interna dos incisivos inferiores;
         - no palato;
         - na parte interna das bochechas;
    e levar a criança a retirá-lo com a ponta da língua.

    c) Exercícios para o palato:
  • gargarejar;
  • bocejar, fazendo de conta que está com sono;
  • dar gargalhadas;
  • tossir;
  • beber refrigerante ou groselha, gole por gole;
  • com a boca aberta, inspirar pelo nariz e expirar rapidamente pela boca;
  • passar a ponta da língua no palato, de dentro para fora;
  • estalar a língua imitando cavalinho.

    d) Exercícios com a mandíbula:
  • comer lentamente biscoitos, pão, maçã, etc. com a boca fechada;
  • movimentar devagar a mandíbula para a direita e para a esquerda, para a frente  e para trás;
  • os mesmos exercícios, com movimentos rápidos;
  • abrir e fechar a boca lentamente;
  • abrir e fechar a boca rapidamente.

    f) Exercícios com as bochechas:
  • inflar as bochechas e pressioná-las com as mãos, mantendo a boca fechada;
  • “chupar” as bochechas;
  • encher a boca de ar, antes de um lado e depois de outro;
  • assoprar, evitando que as bochechas se inflem;
  • massagear externamente as bochechas com as mãos;
  • utilizar fita durex de cores diferentes. Cortá-las em pedaços pequenos, colocando-os em seguida nas bochechas da criança, no sentido posterior-anterior;
  • utilizar material de maquiagem, como batom, sombras de cores diferentes, fazendo desenhos circulares ao redor da bochecha da criança, imitando cara de palhaço;
  • utilizar tecidos de texturas diferentes podendo começar com algodão, veludo, flanela, etc., passando gradativamente para tecidos mais ásperos, como linho. Passar os tecidos pela face da criança sempre do ponto mais distante para o mais próximo da região dos lábios;
  • passar pincel macio do ponto mais distante ao mais próximo à região dos lábios.

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